Acima: Cora Rufino, Renato Barbosa e Francisco Alves em Porto Velho.
Foto: Marcelo Perez
A Cia. do Lavrado ainda não fez uma reunião de avaliação do projeto A RETRETE OU A LATRINA, mas já deu pra perceber que o elenco ficou muito satisfeito com o resultado do trabalho. Coloco aqui a minha impressão, veja bem, a minha opinião do que vivenciei. Acredito que este espaço seja pra isso também.
Mesmo tendo sido um processo, às vezes doloroso, que de cara não foi compreendido por todos( algumas pessoas do elenco e artistas locais ), mas ao final foi percebido o êxito da escolha do texto, da proposta de encenação, do trabalho de interpretação dos atores, podemos dizer que sem dúvida nenhuma foi um dos melhores projetos da Cia. do Lavrado e pelo momento que a Cia. do Lavrado atravessa, os ganhos adquiridos, por que não dizer o melhor projeto?
Isso mesmo, este trabalho nos permitiu agregarmos quatro atores à Cia., que muito tem contribuído até hoje para o desenvolvimento da mesma, são eles: Renato Barbosa, Ivan Andrade, Sony Ferseck e Gilson Larialp (músico também). Tecnicamente fomos ousados pra caramba! Primeiro em terminar a trilogia de farsas, quando muitos não acreditavam na proposta, depois, utilizamos elementos que não dominamos, mas que mesmo assim insistimos em utilizá-los, exemplo disso foi a escolha de colocarmos todas as músicas ao vivo no espetáculo. Ninguém toca nada, com exceção do músico Larialp e muito menos cantamos alguma coisa, mas conseguimos segurar a onda e realizarmos o melhor possível. Ficou evidente a necessidade e o desejo de nos aprimorarmos mais. Sempre com mais precisão e qualidade. Foi preciso colocarmos a cara para bater. E como bateram nela. E a experiência em Porto Velho me mostrou que é só assim que vamos melhorar o teatro que fazemos, só assim é que vamos encontrar a nossa linguagem.
Tivemos um público em Roraima de + de 4.000 pessoas. Em 2006 com A FARSA DO ADVOGADO PATHELIN atingimos apenas 1.800 pessoas, ou seja, um dos objetivos do projeto foi atingido, o exercício da formação de platéia. Muitos que nos assitiram na periferia em 2006, retornaram em 2008, pois se dirigiram ao grupo e falaram isso pra gente. Somando com Porto Velho tivemos um público superior a 5.000 pessoas. O que é maravilhoso. Não houve uma praça que o espetáculo não tivesse ótima aceitação, que o público não correspondesse conosco. Como esse era o propósito, então acertamos na mosca.
O grotesco, o baixo corporal e a escatologia criticada na peça foi bem compreendida pelo público. A escolha da direção em trabalhar o brega neste contexto farsesco e que talvez algumas pessoas não tenham conseguido fazer essa ligação, podem ter dificultado a compreensão do todo. Quem não estava aberto à idéia, deixou que os preconceitos tomassem conta. Quem assistiu ao espetáculo com uma visão mais distanciada e de olho na realidade em que vivemos aproveitou bem.
A relação de espaço cênico, ator/ público, não foi trabalhada o suficiente. É necessário melhorarmos mais. Precisamos largar essa concepção de palco italiano quando estivermos nas ruas. Trabalhar mais o palco circular. A arena. O trabalho vocal da Cia. do Lavrado não apresentou falhas, a não ser na hora de cantarmos, precisamos de muitas aulas de canto. Mas o espetáculo trazia também uma proposta de brincar com a desafinação, com a incapacidade de cantarmos e jogarmos isso nos personagens, mas nem todos conseguiram assumir a proposta. O escracho não ficou evidente e sobrou apenas a desafinação mesmo. Percebi que a experiência de rua já vivenciada desde 2005 foi fundamental para que o público ouvisse com clareza todo o texto. Colocação de voz, impostação, clareza do texto nas ruas não é um problema para a Cia. do Lavrado. Hoje.
Conseguimos êxito também com relação à mídia, graças ao Jornal Roraima Hoje que bancou e banca a assessoria de imprensa, Edgar Borges, que não faltou em nenhum momento na divulgação deste trabalho. Além disso, conseguimos 10 apoiadores neste projeto, ou seja, o diálogo entre instituições, empresários e até o poder público em alguma esfera começa a ser realizado.
Com tudo isso, não posso deixar de dizer que A RETRETE OU A LATRINA contribuiu e muito para o desenvolvimento do teatro no estado. O que pudemos fazer, foi feito. Não nos omitimos em nenhum momento, principalmente repassando para todos as nossas impressões deste projeto. Muitas vezes em blogs ou agora no final pelo site da Cia. do Lavrado (http://www.ciadolavrado.com.br/).
É isso, fica aqui um agradecimento em especial à FETEARR - Federação de Teatro de Roraima que através dos grupos que a mantém e que são chatos pra caramba (incluo a Cia. do Lavrado) por não largarem de forma alguma a idéia de insistirem no teatro em Roraima. É isso. Acredito que fizemos a nossa parte.
Marcelo Perez
Diretor Geral
Cia. do Lavrado
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