sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O teatro andarilho

Por Edgar Borges


A turma do Locômbia Teatro de Andanzas chegou há três anos em Boa Vista, bebeu água do Rio Branco e decidiu fincar raízes na terra de Macunaima. Recentemente agraciados pelo Ministério da Cultura com verbas do projeto Carequinha de Incentivo ao Circo, Orlando Moreno e Beatriz Brooks preparam um novo espetáculo com temática circense. O grupo é filiado à Federação de Teatro de Roraima, coletivo de atores formado em janeiro de 2007 com a participação de seis companhias teatrais. Nesta entrevista, feito por e-mail, Orlando fala um pouco sobre o espetáculo, a vida em Boa Vista e o trabalho de ator.

O Locômbia está preparando um novo espetáculo com patrocínio da Funarte. Qual será a temática da peça e quando pretendem estrear?

Orlando Moreno - Preparamos O mágico e a marionete, quadro curto de circo com técnicas de pernas-de-pau, teatro não verbal, mímica acrobacia e mágica, para espaços não convencionais. É a historia de um mágico gigante com um triciclo que chega numa cidade carregado de muitas surpresas, entre elas una marionete que dança e se mexe com alegria. Estamos retomando as historias dos circos mambembes.





Este espetáculo terá apresentações somente em Boa Vista ou há intenção de rodar pelo Interior?

Orlando Moreno - Pretendemos estrear na primeira quinzena de dezembro, em diferentes lugares de Boa Vista, com muitos desejos de apresentar também no Interior, se chegamos a ter possibilidades.


O grupo Locômbia é praticamente uma companhia familiar, formada por você, sua esposa, a atriz Beatriz Brooks, e o seu filho. Qual é a melhor e mais complicada parte de trabalhar parentes tão próximos?

Orlando Moreno - Para esta montagem, convidamos o ator dançarino Thiago Farias para o papel de marionete. Ou seja, estamos abrindo espaço para mais colaboradores. Nós viajamos juntos há mais de 20 anos fazendo exclusivamente teatro. As energias são canalizadas para este fim, com a vantagem de existir o amor entre nós. Há sete anos chegou Shanti Sai, nosso filho, para nos acompanhar e questionar nesta arte-vida.



Como surgiu o Locômbia?

Orlando Moreno - Locômbia surgiu no ano de 1981 (em Barranquilla, Colômbia) entre poetas, escritores, fotógrafos, músicos e mímicos, com o tempo só ficaram os mímicos, que continuaram a tradição de criar nossa própria dramaturgia inspirados nas realidades das culturas que visitamos....



Quando vocês vieram parar em Boa Vista?

Orlando Moreno - Chegamos há três anos, vindos de Campinas, São Paulo, depois de atravessar o pais de sul a norte em procura de uma cidade tranqüila e imaginada, fugindo das metrópoles e selvas de cimento


A receptividade do público da cidade tem sido boa?

Orlando Moreno – Sim, é um povo ávido de cultura, com necessidades muito grandes de ver novas técnicas e nova cultura. É mentira que aqui não tem cultura. Tem e muita que ainda não tenha sido reconhecida,

nós queremos lutar por isto, sentimos que somos parte da

Amazônia.





Qual foi o melhor momento da história do Locômbia em Boa Vista?

Orlando Moreno - Ate agora ter ganho o edital da Funarte, porque sentimos que começamos a ser reconhecidos como trabalhadores da cultura aqui em Boa Vista.


E o pior?

Orlando Moreno - Diferenças filosóficas com pessoas da mesma área


Quais outros planos o grupo tem para os próximos meses?

Orlando Moreno - Continuar nosso movimento vida-arte, criando novas peças, procurar por um espaço próprio para abrir nossa escola-laboratório do Projeto Norte, como também compartilhar nossa arte-vida com toda pessoa que quiser. A cultura é um direito que as pessoas têm que exigir!



Para ver o repertório atual do Grupo, navega aqui.


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